A Reforma e o cristianismo mediano [medíocre] (1)

Posted on outubro 30, 2009

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Jonas é o típico cristão nos seus vinte-e-poucos-anos. Freqüenta as atividades de sua igreja e “até” lê a Bíblia uma ou duas vezes por semana. Conhece a galera, diverte-se, e se sente bem com o seu cristianismo.
Quando perguntado sobre as bases de sua crença, Jonas vacila. Ele não sabe bem o que é a tal da “justificação pela fé”, embora saiba dizer que “tem algo a ver com a morte de Jesus”. A regeneração é um termo pouco usado, e por isso quase não possui significado para ele. Quando fala da graça ele sabe afirmar que é “favor imerecido”, mas não sabe relacionar isso com o todo de sua vida. No fim das contas, gosta de sua vida religiosa e investe um pouco nela, mas apenas quando tem tempo para isso.
Perguntado sobre a história da Igreja, a coisa complica ainda mais. Faz aquela careta de quem não sabe o que dizer, e afirma: “eu sei que Lutero rompeu com a Igreja Católica, e que Calvino era ‘meio que’ um ditador em Genebra”.
Algo bom disso tudo é perceber que ele lembrou exatamente da Reforma Protestante. A parte ruim é que existem vários preconceitos sobre este movimento que encontram abrigo na cabeça de muitos jovens cristãos.
Jonas acertou em lembrar a Reforma como evento importante na história da Igreja, mas não “faz idéia” da relação que existe entre o despertamento do século XVI, as doutrinas acima mencionadas, e a vida cristã na contemporaneidade.

APRESENTANDO A REFORMA
Muitos pensam que Lutero surgiu “do nada” e fez uma revolução eclesiástica. Não é verdade. Se prestarmos atenção, Deus sempre preservou a Sua Igreja, como prometeu Jesus. No entanto, enquanto as massas e muitos líderes se perdiam teológica e eticamente, Deus levantava vozes proféticas para chamá-las ao arrependimento.
Foi assim que homens como John Wycliffe, Jerônimo Savonarola e John Huss surgiram no contexto europeu. Eles reivindicavam a popularização da Bíblia, a reforma ética dos líderes, e a pregação fiel da verdade de Deus.
Ao mesmo tempo que a sua pregação agregava seguidores, a população geral percebia as incoerências de muitos líderes da igreja naquele tempo. Isso fez nascer um senso de insatisfação e revolta crescente no meio do povo.
E, finalmente, Lutero surge. Ele não queria ser revolucionário ou coisa parecida. Desejava, após muita luta interna com a Bíblia, que a Palavra de Deus fosse o padrão para a Igreja. Isso demandaria uma série de transformações. Ainda assim, era à sua igreja que ele falava. A sua voz era proclamada em protesto de amor diante daqueles que se afastavam cada vez mais de Deus. Ele foi expulso da igreja, e passou a ser reconhecido como líder de um novo movimento.
Enquanto Lutero protestava na Alemanha, Zuínglio fazia o mesmo na Suíça. Sua teologia era muito semelhante à do primeiro, exceto por questões relacionadas à cerimônia da ceia do Senhor. O espírito da Reforma estava tomando conta da Europa.
Não demorou até que muitos aderissem à causa dos reformadores, e surgissem novos líderes, como Guilherme Farel, João Calvino, Martin Bucer e John Knox.
Muitos, literalmente, “deram o sangue” pelo Evangelho. Entregaram suas vidas por Jesus e pela mensagem salvadora. Eles não se contentavam com um cristianismo mediano – queriam vivê-lo em sua integralidade. A Reforma impactou o seu contexto de tal maneira, que mesmo continentes mais distantes e recém-descobertos, como as Américas, sofreram a sua influência.
Mas o que os levava a um engajamento cultural tão intenso? O que fazia os reformados viverem com tanto amor o seu cristianismo? Muitas são as respostas possíveis, mas cinco pontos merecem destaque:

(continua…)

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