Pouco ou nada havia prestado de atenção sobre o fato de, no relato do encontro entre Jesus e o jovem rico, este correr em direção àquele e se ajoelhar enquanto questiona sobre a vida eterna. O jovem correu. Para Jesus. Mais: ajoelhou-se, em um gesto de submissão e adoração externa.
Já era impressionante saber, como discutido popularmente, do interesse deste rico em ter a vida eterna. Mas o relato de Marcos amplia a questão, descrevendo posturas externas mais palpáveis e significativas. O jovem adorou a Jesus externamente.
Mas, a despeito de sua presença física, seu coração estava em outro lugar. Os joelhos dobrados diante do Cristo não caminhavam junto a um espírito prostrado diante do amor-próprio e dos benefícios que o dinheiro garantia ao “eu”.
A fala de Jesus estabelece o ponto principal: “você vai ficar comigo ou com as riquezas?”, ou, por outra: “quem ocupará o lugar central em sua vida – você, ou eu?”.
Quem olha para isto pensando que Jesus está a desprezar o dinheiro passa longe da verdade. O conflito aqui é entre falsos deuses e o único Senhor. Mas a questão secundária que se impõe é a realidade de que podemos estar de joelhos dobrados diante do Cristo, perguntando-Lhe sobre a vida eterna, e, ao mesmo tempo, termos a vida em outro lugar.
[Mc.10.17-22]
Fernando Melo
julho 19, 2013
Boa percepção, Allen.
Acho que o retrato do jovem rico é, de fato, muitíssimo comum entre os cristãos. A adoração externa é mais fácil e, de certa forma, acalma o nosso ego, quando este se sente em débito com Deus.
O mais difícil, que exige maior dedicação e total desprendimento, é o adorar interno. Despojarmo-nos de nossos ídolos, tirarmos nós mesmos do primeiro lugar do ranking do que mais prezamos. Nossos ídolos refletem quem somos, no que pensamos, e o que amamos.
O desafio radical é o seguir a Cristo, viver para Ele, para a sua honra e glória. Isso envolve coisas muito caras ao homem, egoísta por natureza pecaminosa. Só a graça de Deus, tão pura, poderosa e imerecida, para volver nossos olhos do espelho para o Altíssimo, a fim de adorar de toda alma, força, coração e entendimento o verdadeiro Rei da Glória!
Como diria o mais sábio de todos: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
Que o Deus da graça e da glória nos ajude a conhecer o nosso coração, e nos guie a uma mudança de foco, removendo aquilo que eclipsa a verdadeira adoração.
Parabéns, pelo texto, Rev! Que venham mais, muitos mais, tão logo!
Heber Queiros
agosto 13, 2013
Seria talvez um paradoxo?! (risos) Mais aparentemente um fato, por que nao dizer uma realidade?! Poucos honestamente admitiriam apos uma catarse como esta… Talvez pelo estado cataleptico que “nosso” atual mundo “evangelico” nos induz… Pregaçoes que confortam o ego, com alto teor de subjetividade “pos-moderna” e inconformada com a mensagem da cruz…. aquela que me fazia lembrar, porque distante pensar, renuncia!!! A velha dicotomia entre ser/parecer adorador (essencia/aparencia) Abraços. Heber Queiros